terça-feira, 31 de agosto de 2010

Painel do clima tem de mudar forma de trabalhar


Conselho de peritos avaliou e IPCC recomenda alterações para evitar erros

O painel intergovernamental para as alterações climáticas das Nações Unidas, o famoso IPCC (na sigla inglesa), deve introduzir alterações no seu processo de trabalho para evitar erros como os que publicou no seu último relatório, em 2007.

É o veredicto do International Academy Council (IAC), um grupo independente de peritos, que analisou os processos de trabalho do IPCC, a pedido das próprias Nações Unidas, e que ontem divulgou as suas conclusões.

A criação de um posto de director executivo que coordene operacionalmente a estrutura e responda por ela, a limitação temporal do cargo de presidente a um único período de seis anos (e não dois, como agora), a abertura do IPCC a outros especialistas, a harmonização de procedimentos entre os vários grupos de trabalho e o escrutínio mais apertado à literatura científica ainda não sujeita ao crivo da avaliação de pares são algumas das recomendações do IAC. Mas o relatório deste conselho, que reúne representantes de 15 academias de ciências, e que é presidido por Harold Shapiro, não colocou em causa as conclusões científicas do IPCC.

O pedido de avaliação da ONU sobre os métodos de trabalho do IPCC surgiu na sequência da divulgação de dois erros contidos no seu quarto relatório. O IPCC admitiu publicamente em Janeiro que a data ali estimada para o degelo dos glaciares nos Himalaias, 2035, está enganada. A data correcta seria 2365. Outro erro tem que ver com o território da Holanda abaixo do nível do mar. No relatório, o IPCC refere 55%, quando ele é 26%.

A divulgação pública destes dois erros abalou a credibilidade do painel do clima da ONU, galardoado em 2007 com o Prémio Nobel da Paz, e acabou por dar força às vozes do cépticos das alterações climáticas.

No entanto, como ontem referia a comissária europeia do clima Connie Hedegaard, em reacção às conclusões do IAC, esses erros são "menores" e as conclusões do IAC, sublinhou, "não põem em causa as recomendações do IPCC em relação às alterações climáticas".

Rajendra Pachauri, actual presidente do IPCC (em segundo mandato desde 2008), diz-se disponível para a decisão que os países membros do IPCC entendam tomar a seu respeito. As conclusões do IAC serão apreciadas na próxima sessão plenária do IPCC, de 11 a 14 de Outubro.


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