sábado, 16 de outubro de 2010

Cientistas sugerem que cancro é uma doença moderna, causada pelo homem

Análise histórica indica que doença era rara na antiguidade e ficou mais frequente após Revolução Indústrial

Investigadores da Universidade de Manchester sugerem que factores externos provocados pela acção humana, como poluição e stresse, podem ser as principais causas do cancro. Até aí, você provavelmente já desconfiava. Mas o caminho percorrido pelos investigadores da Universidade de Manchester, responsáveis pelo estudo, aponta evidencias fortes.


Eles avaliaram restos mortais e escrituras da Grécia e Antigo Egipto e fizeram o primeiro diagnóstico de cancro numa múmia. Foram quase mil corpos estudados e somente um caso encontrado da doença, prova de que ela era muito rara na antiguidade. Desde a Revolução Indústrial, no século XVIII, no entanto, os índices de cancro têm crescido, inclusive o infantil, outra amostra de que não é apenas em razão do aumento da longevidade.

Os investigadores investigaram a doença com dados de cerca de mil anos de corpos, assim, têm uma perspectiva histórica mais completa dela. "Em sociedades industriais, o cancro é a segunda causa de morte. Mas, na antiguidade, ele era extremamente raro. Não há nada no ambiente natural que causa cancro. Então ele tem que ser uma doença criada pelo homem, por meio da poluição, mudanças de dieta e estilo de vida", diz Rosalie David, professora da Faculdade Life Sciences.

O site da revista New Scientist publicou um artigo que refuta algumas afirmações dos investigadores de Manchester. Segundo o artigo da New Scientist, a tese de Rosalie David tem falhas porque existe o cancro hereditário e factores cancerígenos naturais, como raios solares ultravioletas, e também vírus que causam o HPV e o cancro do fígado.

O primeiro cancro diagnosticado do mundo pelos investigadores, foi um tumor retal numa múmia de identidade desconhecida que viveu entre 200 e 400 antes de Cristo. "Numa sociedade antiga sem intervenções cirúrgicas, as evidências de cancro deveriam ficar em todos os casos. A falta de tumores em múmias deve ser interpretada como indício de que doença era muito rara na antiguidade, indicando que os factores causadores de cancro estão limitados à sociedades afectadas pela moderna industrialização", diz o professor Michael Zimmerman, responsável pelo diagnóstico.

Segundo a pesquisa, poucos fósseis animais apresentaram algum tipo de cancro. E alguns tumores foram encontrados em primatas não-humanos, mas nenhum semelhante aos cancros modernos dos humanos.

Argumentos de que as sociedades antigas não viviam tanto para desenvolverem a doença são verdadeiros, mas os gregos e egípcios antigos viviam o suficiente para desenvolverem aterosclerose e osteoporose, e, hoje, o cancro nos ossos ataca mais as crianças. Sobre este argumento, a New Scientist menciona que a equipa avaliou múmias de pessoas que morreram com menos de 50 anos e os casos de cancro modernos acometem mais frequentemente os mais velhos.

Na avaliação da literatura de várias épocas, conforme a equipa avançava, apareciam as primeiras descrições de operações de cancro. E os primeiros relatos de tumores diferentes só apareceram nos últimos 200 anos, como o de escroto em limpadores de chaminé, em 1775, e de nariz em utilizadores de rapé, em 1761.


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