quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Milhares de documentos confirmam apoio dos EUA ao golpe de Pinochet


Pinochet derrubou Allende em 1973 e ficou no poder até 1990 

O apoio norte-americano ao golpe militar que derrubou o Presidente chileno Salvador Allende, a 11 de Setembro de 1973, não é um tema inédito, mas agora há dados novos. O Museu da Memória e dos Direitos Humanos em Santiago do Chile acaba de receber mais de 20.000 documentos desclassificados que trazem novas informações sobre o envolvimento dos EUA no golpe que deu início à ditadura de Pinochet.

“Desejamos que o seu governo seja próspero. Queremos ajudá-lo e não obstruir o seu trabalho.” Estamos em Junho de 1976, passaram já quase três anos após o bombardeamento do Palácio de La Moneda em Santiago e a morte de Allende. O secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger prepara-se para fazer um discurso na Organização dos Estados Americanos sobre direitos humanos, mas antes volta-se para o general Augusto Pinochet e manifesta-lhe o seu apoio. Depois acrescenta: “Está a ser vítima de todos os grupos de esquerda do mundo e o seu maior pecado não foi outro senão derrubar um governo que se converteu ao comunismo”.

Esta conversa entre o secretário de Estado norte-americano e o ditador chileno, que ontem foi citada pelo diário espanhol "El Mundo", é uma das que se encontram transcritas nos documentos que agora passaram a fazer parte dos arquivos do Museu da Memória. Mas nos mais de 20.000 documentos entregues pelo director do projecto dedicado ao Chile no arquivo da Universidade George Washington, Peter Kornbluh, é também expressa “de forma muto clara” a intervenção da Administração do Presidente Richard Nixon.

Peter Kornbluh, autor de várias obras sobre a ditadura chilena, adiantou ao "El Mundo" que Kissinger “foi o arquitecto do programa para derrotar Allende entre 1970 e 1973”. Alguns dos documentos agora disponibilizados, cerca de 2000, provêem da CIA, enquanto outros são transcrições de conversas de Kissinger ou informações sobre como Pinochet e o chefe da polícia secreta Chile DINA, Manuel Contreras, tentaram encobrir o assassínio em Washington do antigo ministro dos Negócios Estrangeiros de Allende, Orlando Letelier.

Kornbluh considera que os documentos serão um contributo para os processos judiciais sobre violações de direitos humanos na ditadura que se prolongou até 1990 e em que foram mortos mais de 3000 opositores.

fonte: Público

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