sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Sonda Voyager chega perto da fronteira do Sistema Solar


A sonda foi lançada há 33 anos, e agora está a 17,4 biliões de km da Terra

A sonda espacial Voyager 1, lançada há 33 anos, está perto da fronteira do Sistema Solar. A 17,4 biliões de km de casa, a sonda é o objecto feito pelo homem mais distante da Terra e começou a identificar uma mudança nítida no fluxo de partículas à sua volta.

Estas partículas, emanadas pelo Sol, não estão mais se dirigindo para fora e sim movimentando-se lateralmente. Isso significa que a Voyager deve estar muito perto de dar o salto para o espaço interestelar - o espaço entre as estrelas.

Edward Stone, cientista do projecto Voyager, elogiou a sonda e as incríveis descobertas que ela continua enviando à Terra. "Quando a Voyager foi lançada, a era espacial tinha apenas 20 anos de idade, então não era possível prever que uma sonda espacial pudesse durar tanto tempo", disse ele. "Não tínhamos ideia do quanto teríamos que viajar para sair do Sistema Solar. Sabemos agora que em aproximadamente cinco anos devemos estar fora do Sistema Solar pela primeira vez", completou.

'Partículas carregadas'

A Voyager 1 foi lançada no dia 5 de Setembro de 1977, enquanto sua sonda gémea, a Voyager 2, foi enviada ao espaço pouco antes, em 20 de Agosto de 1977. O objetivo inicial da Nasa era inspecionar Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno, uma tarefa concluída em 1989.

As sondas gémeas foram então enviadas na direcção do centro da Via Láctea. Abastecidos por suas fontes radioactivas de energia, os instrumentos das sondas continuam funcionando bem e enviando informações à Terra, apesar de que a vasta distância envolvida significa que uma mensagem de rádio precisa viajar cerca de 16 horas.

As últimas descobertas vêm do detector de partículas de baixa energia da Voyager 1, que tem monitorado a velocidade dos ventos solares. Esta corrente de partículas carregadas forma uma bolha em torno do nosso Sistema Solar conhecido como heliosfera. Os ventos viajam a uma velocidade "supersónica" até cruzar uma onda de choque no encontro com as partículas interestelares.

Nesse ponto, o vento reduz sua velocidade dramaticamente, gerando calor. A Voyager determinou que a velocidade do vento em sua localização chegou agora a zero.

Corrida

"Chegamos ao ponto em que o vento solar, que até agora tinha um movimento para fora, não está mais se movendo para fora; está apenas de movendo lateralmente para depois acabar descendo pelo rabo da heliosfera, que é um objecto com forma de cometa", disse Stone, que é baseado no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena.

O fenómeno é a consequência do vento indo de encontro à matéria vinda de outras estrelas. A fronteira entre os dois é o fim "oficial" do Sistema Solar, a heliopausa. Uma vez que a Voyager passar por isso, estará no espaço interestelar.

Os primeiros sinais de que a Voyager havia encontrado algo novo apareceram em Junho. Vários meses de recolha de novos dados foram necessários para confirmar a observação.

"Quando percebi que estávamos recebendo zeros definitivos, fiquei maravilhado", disse Rob Decker, um investigador da Universidade Johns Hopkins que trabalha com o detector de partículas de baixa energia da Voyager. "Ali estava a Voyager, uma sonda espacial que tem sido um burro de carga há 33 anos, nos mostrando algo completamente novo mais uma vez", completou Decker.

fonte: Terra

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