segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Japonês espera enforcamento há 42 anos


Iwao Hakamada tem agora 74 anos

Iwao Hakamada, 74 anos, detido há 42 numa prisão de Tóquio, é o preso com mais tempo num corredor da morte em todo o mundo. Ex-juiz autor da sentença admite "grave equívoco".

Acusado de ter assassinado quatro pessoas em Shimizu, Japão, todos da mesma família, o ex-boxeur Iwao Hakamada está há 42 anos à espera de ir para a forca. Segundo a Amnistia Internacional, o japonês, que desde 1966 proclama a sua inocência, é o preso com mais tempo no corredor da morte em todo o mundo.

De acordo com uma reportagem do "El País", que foi conhecer a história de Iwao Hakamada, a cada manhã que o antigo pugilista acorda "não sabe se será a última". No seu país, as execuções por enforcamento, o único método utilizado desde 1873 - 668 desde 1946 - são feitas com somente uma hora de pré-aviso.

Em 1966, Hakamada foi acusado de matar o diretor da fábrica onde trabalhava, a mulher deste e os seus dois filhos.

Inocente, dizem todos

Os condenados à morte no Japão ficam encarcerados numa solitária, sem comunicação com outros reclusos, numa cela com menos ode cinco metros quadrados, da qual só podem sair diariamente apenas durante 45 minutos.

Hakamada enloqueceu após 28 anos de prisão e agora só pensa em construir um castelo. Um dos juízes que assinou a sentença, por sua vez, admitiu em 2007, num livro, ter cometido "há 39 anos, um grave equívoco". Norimichi Kumamoto, o mais jovem dos três magistrados, foi o único a votar contra a condenação. Segundo ele, os outros dois juízes ignoraram as provas, tendo o mais velho dito que o réu era culpado, e ordenado que escrevesse a sentença.

De acordo com a Amnistia Internacional, Hakamada assinou a confissão após 23 dias de interrogatório, e acabou por ser condenado apesar de, em tribunal, ter denunciado torturas e ameaças da polícia.

Quando o advogado de Hakamada recorreu da sua condenação em 1976, o Supremo pediu ao ex-pugilista para vestir as calças manchadas de sangue e miso, as mesmas não lhe serviam. O réu reinvidicou a sua inocência, mas os juízes foram peremptórios:"(As calças) encolheram por causa do miso, ou o sr.Hakamda engordou na prisão".

Hakamada voltou a ser condenado, enquanto o juiz Kumamoto entregava-se a um processo de autodestruição, incluindo o alcoolismo, do qual somente veio a recuperar recentemente, quando quebrou o silêncio.

A história de Hakamada já entrou para a história da jurisprudência no Japão. Muitos são os que acreditam na sua inocência, e também que a polícia foi quem forjou as provas. Assim o pensam a sua irmã e o juiz que o condenou, assim como a ex-ministra da Justiça, Keiko Chiba. Que Iawo é inocente, acreditam ainda os 22 membros da Associação de Advogados do Japão, que defendem a realização de novo julgamento. Katsuhiko Nishijima, líder da equipa, está há mais de 30 anos a lutar por isso.

fonte: Expresso

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