domingo, 16 de janeiro de 2011

Rãs Mozart e ventríloquas entre as seis espécies de anfíbios descobertas no Haiti


Eleutherodactylus parapelates


Eleutherodactylus amadeus


Eleutherodactylus corona


Eleutherodactylus thorectes


Eleutherodactylus dolomedes


Eleutherodactylus glandulifer

Num momento em que o povo do Haiti lembra as vítimas do terramoto, ocorrido há um ano, biólogos trazem uma boa notícia. A sua expedição encontrou seis espécies de anfíbios únicas no mundo que estavam desaparecidas para a ciência. Entre elas a rã Mozart e uma rã ventríloqua.

A expedição que, em Outubro, rumou às remotas montanhas do Haiti, não encontrou aquilo que mais procurava: a rã La Selle Grass (E. Glanduliferoides), que não era vista há mais de 25 anos.

Mas a viagem acabou por surpreender a equipa de cientistas da Conservation Internacional (CI) e do Grupo Especialista em Anfíbios da UICN (União Internacional para a Conservação), liderados por Robin Moore (CI) e Blair Hedges, da Universidade estatal da Pensilvânia.

A equipa acabou por encontrar seis espécies de anfíbios que há décadas se pensavam perdidas e que estão Criticamente Ameaçadas, entre elas uma rã “cantora”, baptizada em honra do compositor Wolfgang Amadeus Mozart (com 2,5 centímetros de comprimento); uma rã com enormes olhos negros e marcas alaranjadas; uma rã ventríloqua (com 2,16 centímetros) que tem a habilidade de projectar a sua voz para confundir possíveis predadores e uma rã com olhos extremamente fora do comum (com 5,3 centímetros).

“Foi incrível”, comentou Moore em comunicado publicado no site da CI. “Partimos à procura de uma espécie perdida e encontrámos um tesouro escondido. Para mim isto representa uma muito bem-vinda dose de resistência e de esperança para as pessoas e vida selvagem do Haiti.”

Moore, com Hedge e várias outras pessoas, passou oito dias e oito noites nos bosques do Haiti, registando árvores, leitos de rios e florestas à procura de anfíbios. Durante esse tempo, a equipa descobriu 25 espécies únicas das 49 espécies nativas conhecidas no país.

“É claro que a saúde das rãs do Haiti não é a maior preocupação. Apesar disso, os ecossistemas que estas rãs habitam e a sua capacidade para suportar vida, são criticamente importantes para o bem-estar a longo prazo das pessoas no Haiti, que dependem de florestas saudáveis para a sua subsistência, segurança alimentar e água doce”, salientou Moore. “Os anfíbios são o que chamamos de espécie barómetro da saúde do planeta. São como os canários na mina de carvão. À medida que desaparecem, também desaparecem os recursos naturais vitais para as pessoas sobreviverem.”

Com a desflorestação a grande escala que está a deixar o país com menos de dois por cento do seu coberto florestal original e a degradar a maioria dos ecossistemas de água doce, dos quais dependem os haitianos, os bosques nebulosos das montanhas do Sudoeste são os últimos redutos de saúde ambiental e riqueza natural do país.

“Uma suposição comum sobre o Haiti é que já não resta nada para salvar”, acrescentou Moore. “Mas isto não podia estar mais errado. Existem focos biologicamente ricos que permanecem intactos, apesar das enormes pressões ambientais”, salientou.

Ainda assim, há pouco tempo a perder, lembrou Hedges. Tal como em outras partes do planeta, as populações de anfíbios do Haiti estão em perigo de desaparecer, com 92 por cento das espécies do país incluídas na lista de espécies ameaçadas. De facto, mais de 30 por cento de todas as espécies de anfíbios a nível mundial estão ameaçadas de extinção.

fonte: Público

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