domingo, 24 de julho de 2011

Tribolite “gigante” encontrada em Mação


Trilobites têm 445 milhões de anos

Achado arqueológico corresponde a uma nova espécie

Uma nova espécie de tribolites foi ontem encontrada em Chão de Lopes, Mação, uma descoberta científica de relevância internacional com 445 milhões de anos, anunciou um dos responsáveis pelo achado arqueológico.

Em declarações à Agência Lusa, Artur Sá, do Departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) não escondeu a sua euforia ao revelar a descoberta de uma “espécie nova” de tribolites – “uma tribolite gigante para este género da espécie panderiae” -, com um tamanho “cinco vezes superior às até hoje conhecidas cientificamente” a nível mundial.

“Apesar dos seus cinco centímetros, esta é uma espécie gigante para o género de tribolites, que são milimétricas, quando muito atingem o centímetro”, afirmou, assegurando que a equipa que coordena fez o achado a “um nível fossilífero único” na Península Ibérica.

“Mação é o melhor sítio em Portugal para o estudo da grande glaciação ocorrida na Terra há cerca de 445 milhões de anos e que foi responsável pelo desaparecimento de mais de 90 por cento das espécies então existentes”, observou.


Artur Sá, da UTAD

“A riqueza fossilífera das rochas do concelho”, continuou, “onde pontificam restos e marcas de seres vivos como trilobites, braquiópodes, bivalves e equinodermes, entre outros, com cerca de 450 milhões de anos, são únicos no país e a qualidade e diversidade dos fósseis de Mação são reconhecidas internacionalmente”, vincou, sendo que ali foram descobertas e definidas, entre outros, as trilobites Eoharpes macaoensis (dedicada a Mação) e Actinopeltis tejoensis (dedicada ao vale do Tejo).

“Além disso”, reforçou, “a qualidade dos afloramentos geológicos do concelho justificou a recente inventariação do ‘Corte Geológico de Chão de Lopes Pequeno’ como o mais importante em Portugal para o estudo da grande glaciação como o atestam as duas importantes descobertas hoje ocorridas”, no âmbito do Período Ordovícico.

Composta por jovens integrados no programa Ciência Viva e por alunas de doutoramento de duas universidades espanholas, a equipa de Artur Sá recolheu ao longo da última semana cerca de duas mil fósseis, que este considerou serem um espólio “do mais alto valor patrimonial e de alta relevância para o mundo e para a ciência”.

Segundo referiu, as tribolites foram encontradas incrustadas em rochas que, à altura, fariam parte de uma enorme cadeia montanhosa e que estariam no fundo do mar, onde as tribolites viveriam. “O que é hoje Mação era, há 445 milhões de anos, mar profundo. E era o que existia, sendo que Mação e o mar estavam então quase no pólo sul”, observou.


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