sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Dentes de dinossauros revelam grandes migrações durante o Jurássico


Os dentes dos saurópodes do estudo

Imagine um grupo de camiões tir de 20 metros, com patas, pescoço comprido e cauda a atravessar uma distância equivalente à largura de Portugal, em busca de comida. Os saurópodes faziam isso durante o Jurássico. Um estudo publicado na edição desta quarta-feira da Nature, que analisou dentes destes répteis gigantes, comprovou esta teoria antiga.

Os saurópodes eram os grandes animais terrestres herbívoros do seu tempo. OsCamarasaurus, as espécies estudadas por Henry C. Fricke e pelos seus colegas, da Universidade do Colorado, tinham 20 metros e 18 toneladas. Em comparação um elefante africano macho com seis toneladas seria um anão. Mas havia espécies muito maiores.

Estes animais precisavam de enormes quantidades de vegetação diária e os paleontólogos teorizaram durante anos que só com migrações é que seria possível manterem-se alimentados. “Em teoria não é assim tão surpreendente”, disse Fricke citado num artigo noticioso da revista Nature, acrescentando que se ficassem no mesmo local ao longo da vida não haveria vegetação e saurópode que resistisse. “Agora temos provas que mostram [que eles migravam] e um método que pode ser utilizado para estudar outros dinossauros.”

A investigação analisou 32 dentes de duas espécies deste género de saurópodes, que viveriam entre os 160 e os 145 milhões de anos atrás, no Jurássico superior, na região do Wyoming e Utah. 

Os dentes dos saurópodes estão sempre a crescer e a cair. O oxigénio que é utilizado na formação do esmalte é o que vem da água. Este oxigénio no esmalte retém os rácios dos isótopos 16 e 18 que estão na água. A base do dente, a parte mais nova, contém elementos da água que o dinossauro bebeu mais recentemente.

Este rácio de oxigénio também existe na formação das rochas sedimentares. Os investigadores tiraram amostras dos sedimentos onde os dentes foram descobertos – que será o mesmo local onde os dinossauros morreram –, e o rácio não batia certo. 

Quando procuraram por locais à volta com o mesmo rácio dos isótopos, concluíram que esses locais eram distantes, chegavam a estar a 300 quilómetros do local onde os répteis tinham morrido.

Os cientistas concluíram que estes saurópodes viajavam das regiões de planície para regiões mais montanhosas na direcção Este-Oeste, onde nas alturas mais secas, haveria água e vegetação para alimentá-los.

O próximo passo é utilizar esta técnica para tentar perceber o que é que acontecia aos animais que dependiam destes herbívoros. “Os [dinossauros] que estamos realmente interessados agora são os carnívoros [associados a estes saurópodes]”, disse Fricke. “A questão é se ficavam no mesmo local, à espera dos herbívoros, ou se os seguiam durante a migração.”

fonte: Público

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