quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O Nascimento da Bruxaria


A 5 de Dezembro de 1484, ainda a terra não era redonda para os habitantes que a povoavam, nos confins do mundo cristão sabia-se que existia a bruxaria, ou o que era ainda pior: as bruxas e bruxos. 

Precisamente por esta razão, neste tempo, o papa Inocêncio VIII, proclamou a bula Summis desiderantes affectibus (vulgarmente conhecida como «canto de guerra do inferno») ao mesmo tempo que se publicava o Malleus Maleficarum, ou Martelo de Hereges, um livro de texto escrito por dois inquisidores dominicanos da Alemanha e através do qual a Igreja reconhecia, oficialmente, a existência da bruxaria.

Este reconhecimento resumia-se em três conclusões:

1º. A bruxaria é uma realidade. 2º. A bruxaria funda-se num pacto com o Diabo. 3º. O pacto baseia-se na negação da fé cristã.

Deste modo, deu-se início à crença oficial cristã nos poderes do maléfico personificados na terra, e reconheceu-se no mundo a existência de bruxos e bruxas e aquela que começou por ser considerada pela Igreja como uma heresia entre tantas, acabou por englobar tudo o que se refere ao maléfico e ao oculto ( as artes divinatórias, a magia negra, a feitiçaria, o curandeirismo, os heterodoxos e até o satanismo).

Assim e ao longo de 200 anos, deu-se inicio a uma perseguição sangrenta e terrível liderada pela igreja Cristã que só durante a primeira metade do século XVII conduziu à fogueira, indiscriminadamente, entre 250.000 a 300.000 pessoas em toda a Europa, acusadas de praticar a bruxaria.

No entanto, acredita-se que a maioria destas pessoas foram mortas simplesmente por praticarem o culto à natureza com rituais simplórios que tinham como fim a fertilidade da terra para uma boa colheita ou mesmo somente conseguir viver em liberdade pois eram gente simples e normalmente analfabeta e inculta e por isso, crédula nas lendas querendo manter as suas velhas tradições ancestrais, coisa que o feudalismo e o cristianismo os impedia sistematicamente.

Na realidade quando se lutava contra a bruxaria, não se estava a fazer mais que lutar contra uma invencível religião ancestral a qual se começou a praticar em forma de rito mágico religioso nas reuniões druidas, há cerca de 5000 anos e que se perpetuou ao longo de séculos até ao cristianismo violento e expansionista. 

Estes bruxos eram os componentes da casta intelectual e representavam a figura do sábio sacerdote mágico próprio do povo Celta, os quais tinham como único deus o Sol e deste modo e perante tão inocente prática, foi necessária da parte do cristianismo a introdução artificial da figura do Diabo, que originalmente, não tinha qualquer relação com as antigas religiões sendo que o mal, era o elemento chave para desacreditar os que não eram cristãos e a desculpa inegável para os exterminar. 


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