quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Buda nasceu há mais de 2500 anos, indicam novos achados arqueológicos






Arqueólogos descobriram o santuário budista mais antigo, no local onde se pensa que Buda terá nascido, no Nepal.

A localidade de Lumbini fica a meio do Nepal, já perto da fronteira com a Índia. O local histórico é o momento zero da vida de Buda. Pensa-se que foi aqui que o fundador do budismo nasceu, no meio do que seriam então florestas subtropicais, pântanos, planícies. Mas discute-se quando é que se deu esse marco basilar desta religião oriental. As datas que os historiadores lançam para a morte de Buda têm um grande intervalo, indo desde há cerca de 2290 anos (ano 290 a.C.) até há cerca de 4420 anos (2420 a.C.). Mas novos achados arqueológicos do que terá sido um santuário com arquitectura budista em Lumbini, com mais 300 anos do que os vestígios mais antigos conhecidos até agora, determinam que o seu nascimento tenha sido, pelo menos, há mais de 2500 (500 a.C.).

Estes resultados sobre a figura histórica de Buda e o início da religião a que deu origem foram publicados na revista Antiquity, nesta segunda-feira.

Há cerca de 500 milhões de budistas em todo o mundo, naquela que será a terceira maior religião. Para eles, Lumbini é um dos quatro locais sagrados relacionados com a vida de Buda – os três outros estão associados ao momento da auto-revelação de Buda (em Bodh Gaia, no Nordeste da Índia), ao seu primeiro discurso (Sarnath, no Norte da Índia) e, finalmente, ao local onde morreu com 80 anos e onde se proclama que tenha ascendido ao nirvana (Kusinara, no Norte da Índia).

A narrativa budista explica que a Rainha Maya Devi deu à luz Siddhartha, o nome original de Buda, em Lumbini, agarrada a uma árvore e que terá morrido pouco depois do parto. Siddhartha chegou a casar-se, mas acabou por rejeitar a riqueza e os bens materiais, enveredando por um caminho de ascetismo e abnegação que quase o ia matando de fome. Mais tarde, procurou um meio-termo entre a indulgência material e a abnegação total, desenvolvendo as bases do budismo.

As suas palavras e o que defendeu acabaram por produzir uma nova religião. Lumbini tornou-se então num local de peregrinação durante séculos. Posteriormente, o local foi destruído e só em 1896 é que foi redescoberto por um arqueólogo alemão. Ao longo do século XX, foram feitas várias escavações arqueológicas que comprovaram que aquele era, de facto, o local sagrado.

Em 1997, Lumbini passou a estar na lista dos sítios que são património da humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) e, novamente, um ponto importante de peregrinação ao templo Devi.

No site da UNESCO sobre o local está referido que Buda nasceu em 623 a.C., portanto, já perto do final do século VII a.C. Mas as escavações feitas até agora tinham desenterrado ali um templo budista do III século a.C., associado ao Imperador Asoka, do Império Mauria, que governou aquela região asiática e teve um papel determinante em espalhar a religião budista entre os territórios que hoje são o Afeganistão e o Bangladesh. Há muitas estruturas arquitectónicas em vários pontos da Ásia associadas ao seu reinado. Assim, do ponto de vista arqueológico, as provas mais antigas do budismo são relativamente recentes.

“Sabe-se muito pouco sobre a vida de Buda, excepto por fontes textuais e pela tradição oral”, explica Robin Coningham, professor e arqueólogo da Universidade de Durham, no Reino Unido, um dos responsáveis pelo projecto arqueológico e um dos autores do trabalho. Por isso, há tanta especulação sobre a sua data de nascimento.

“Pensámos: ‘Porque não voltar a recorrer à arqueologia para tentar responder a algumas questões sobre o seu nascimento?’ Agora, pela primeira vez, temos uma sequência arqueológica em Lumbini que nos mostra um edifício que existia lá no século VI a.C.”, diz Robin Coningham, citado num comunicado da National Geographic Society, que apoiou esta investigação.

A nova estrutura descoberta fica por baixo do templo construído na altura do Imperador Asoka. É feita de madeira e tem uma arquitectura rectangular com uma disposição geográfica igual aos templos budistas mais recentes, que foram construídos por cima. Os investigadores utilizaram fragmentos de carvão e grãos de areia para determinar a idade da estrutura, utilizando técnicas de radiocarbono e técnicas ópticas de estimulação por luminescência.

No meio da estrutura, há um espaço aberto onde se descobriram raízes de árvores. A equipa de cientistas pensa que cresceram ali árvores que são muito usadas nos templos como símbolo do nascimento de Buda. “A sequência (dos restos arqueológicos) de Lumbini é um microcosmo para o desenvolvimento do budismo, que passou de um culto localizado para uma religião global”, lê-se no artigo.

fonte: Público

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