sábado, 30 de novembro de 2013

Pequeno fragmento reacende esperança de que cometa ISON tenha sobrevivido ao sol



Todos os sinais apontavam para que o cometa se estava a desintegrar. Pequena partícula mostra que talvez haja uma parte que tenha sobrevivido às temperaturas mas não é suficiente para o espectáculo de brilho que se ansiava.

Cientistas e apaixonados pelo espaço há mais de um ano que seguiam o cometa ISON, desde que foi descoberto, esperando que sobrevivesse quando na quinta-feira passou rente ao sol. Os primeiros os sinais apontavam para que se estava a desintegrar e fizeram cair as esperanças de um espectáculo de brilho a olho nu visível a partir da terra. Mas novas imagens de um pequeno fragmento reacenderam a esperança de que, afinal, mesmo sem o brilho ansiado, o C/2012 S1 (nome oficial), ou pelo menos parte dele, pode ter resistido.

O pequeno agregado de gelo e poeiras foi descoberto a 21 de Setembro de 2012, pelos astrofísicos russos Vitali Nevski e Artyom Novichonok. O nome informal foi dado a este cometa por ter sido descoberto por uma equipa que pertencia à Rede Óptica Científica Internacional, com sede na Rússia (ISON, sigla em inglês).

Desde então, calculou-se a sua órbita, estimou-se o seu tamanho e especulou-se muito sobre o espectáculo que iria originar no céu, como explicou ao PÚBLICO o director do Observatório Astronómico de Lisboa e professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Rui Agostinho, num trabalho publicado quarta-feira. Contudo, a própria NASA na segunda-feira alertava que o cometa estava a emitir cada vez menos gases e a produzir mais pó – um sinal de desintegração.

Perante a crónica de uma morte anunciada as espectativas eram já poucas, mesmo em relação aos fragmentos. Os primeiros sinais indicavam que nada tinha sido avistado pelos telescópios após a passagem pelo sol. Porém, diz a BBC, novos dados avançados pelos cientistas e algumas imagens mostram algumas partículas cintilantes que se crêem pertencer ao cometa ISON.

Mesmo assim os astrónomos são cautelosos. Dizem que nas próximas horas ainda tudo pode acontecer e que mesmo este pequeno rasto pode desaparecer. “Parece que pelo menos uma pequena partícula do ISON resistiu e está a libertar material. Não temos ideia do tamanho do seu núcleo, ou sequer se ainda tem um. Se ainda tiver um núcleo, mesmo assim é muito cedo para dizer quanto tempo sobreviverá”, escreveu Karl Banttam, da equipa da NASA, num blogue da organização dedicado à observação do cometa.

A Agência Espacial Europeia, que foi das primeiras a declarar o óbito antecipado do cometa, também teve de rever a sua posição e já adiantou que talvez uma pequena parte do núcleo tenha afinal ficado intacta.

O problema é que o núcleo de um cometa é uma amálgama de gelo e poeira, não muito consolidada, que normalmente não tem mais do que alguns quilómetros de diâmetro. As partículas desta poeira raramente atingem a proporção de grãos de areia, pois costumam ser tão pequenas como as partículas libertadas no fumo do tabaco. São feitas de silicatos, o material que resta da nébula original do sistema solar, que ficou aprisionado nestes pedaços de gelo.

Com a aproximação ao sol e o aumento da temperatura, o cometa foi dando sinais de sublimação do gelo, que criou uma nuvem em volta do núcleo chamada cabeleira e que é o que torna por vezes possível a observação dos cometas. A cauda resulta da interacção com a luz solar que “empurra” para longe a poeira.

Um adeus de 400 mil anos

Mesmo assim, independentemente do que restou, certo é que o espectáculo de brilho que também seria visível em Portugal está cancelado. No programa perfeito inicial, ao princípio, vistos a partir da Terra, o cometa e o Sol estrariam demasiado próximos para se distinguirem. Mas de dia para dia, o ISON ficaria cada vez mais distante do Sol, melhorando as observações. O melhor período para o ver cometa seria durante a primeira quinzena de Dezembro. A 26 de Dezembro, passaria mais perto da Terra, sem qualquer perigo de colisão.

De todas as formas, o que quer que aconteça com as partículas, nunca mais o veremos de novo – ou pelo menos não viveremos tempo suficiente para isso, já que tem uma órbita que demora milhares de anos a cumprir. No caso de ISON, o seu período orbital terrestre é de quase 401 mil anos (400.903, para se ser mais exacto).

fonte: Público

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