quinta-feira, 12 de março de 2015

1610, o ano em que o homem mudou o planeta


A chegada dos europeus às Américas mudou o mundo

Há um movimento generalizado para que o Antropoceno seja considerado uma nova era geológica. Investigadores propõem nova data.

Para os portugueses, o ano de 1610 ficou marcado pelo afundamento da nau Nossa Senhora da Graça ao largo de Nagasáqui, após uma intensa batalha com os samurais japoneses. Nesse mesmo ano, Galileu Galilei apontou as suas lunetas ao céu e viu pela primeira vez quatro luas de Júpiter e, em França, Luís XIII subiu ao trono. Mas, para a história da Terra, o alcance terá sido bem maior: nesse ano, diz um grupo de investigadores da University College de Londres, iniciou-se uma nova era geológica, a do Antropoceno.

A palavra Antropoceno tem um sentido poderoso: o de que a espécie humana, o Homo sapiens, se tornou uma força geológica de grandeza maior, com um impacto no planeta que já não passa despercebido, nem aos mais distraídos. No entanto, esta não é uma designação aceite no mundo da ciência, apesar de ter entrado no vocabulário comum, incluindo nas conferências científicas de arqueólogos, historiadores e até de geólogos. Há nesta altura um debate aceso em curso e existe até um grupo de trabalho para o Antropoceno no âmbito da Comissão Internacional para a Estratigrafia (ICS, na sigla de língua inglesa), a instituição científica que tem a responsabilidade de definir as eras geológicas e, portanto, de tomar a decisão.

É neste contexto de intensa discussão que o grupo liderado por Simon Lewis, da University College de Londres, publica hoje na revista Nature a sua proposta para o início do Antropoceno em 1610. A data foi encontrada depois de os investigadores terem passado em revista os últimos 50 mil anos da ocupação humana da Terra, para identificar episódios ambientais com uma distinta marca antropogénica.


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