quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Peixe que dorme durante 5 anos sem qualquer alimento ou água pode ajudar os cientistas a decifrar a animação suspensa em humanos



Um peixe que é capaz de hibernar durante anos, sem comida ou água, pode ajudar os cientistas a descobrirem como colocar as pessoas em animação suspensa, com o objetivo de ganhar mais tempo durante operações de salvamento. 

O lungfish africano, também conhecido como "peixe pulmonado", pode dormir fora da água de três a cinco anos, sem qualquer sustentação, programado apenas para acordar quando o ambiente de água doce estiver disponível. 

Um estudo sobre o que acontece com o nível celular dos peixes pode ajudar os cientistas a induzirem um estado similar em humanos, realizando longas viagens espaciais e práticas mais avançadas na medicina. 

Durante a animação suspensa, os peixes não comem, bebem ou produzem resíduos – às vezes por até cinco anos. 

Pesquisadores afirmam que, durante o processo, há uma diminuição do relógio biológico, abandonando a necessidade normal para sobrevivência e passando para um estado muito baixo de energia. 

Esse tipo de animação suspensa sempre fascinou os cientistas, uma vez que, de algum modo, poderia ser aplicada em seres humanos.

O processo pode ser induzido em pacientes em condições críticas, como os baleados, com o objetivo de adquirir tempo extra nos procedimentos cirúrgicos sem a necessidade de desligar o cérebro. 

Além disso, a indução também permitiria que os astronautas entrassem em hibernação durante missões espaciais de longa distância. 

Cientistas da Universidade Nacional de Cingapura descobriram que inserir e manter esse estado, conhecido como "estivação", envolve a regulação de diversas atividades celulares. 

"Em geral, nossos resultados mostram a importância de permanecer em um baixo índice de produção, conservação, além da dependência de armazenamento interno de energia para modificação estrutural durante a fase de estivação", revela o artigo. 

Pesquisadores liderados pelo professor Ip Yuen Kwong, do Departamento de Ciências Biológicas, comparam a diferente expressão de genes no fígado do lungfish africano após seis meses de animação suspensa. 

Eles também compararam a expressão genética a partir do primeiro dia após a animação suspensa – quando o peixe acorda – para a expressão genética durante a fase de hibernação. 

Ao longo da animação suspensa, os genes relacionados aos resíduos desintoxicantes tiveram um aumento, eliminando o acúmulo de produtos nocivos ao fígado. 

Simultaneamente, a expressão genética relacionada à coagulação do sangue e ao metabolismo do ferro e do cobre tiveram uma diminuição, a qual, de acordo com os pesquisadores, pode ser uma estratégia para a conservação de energia. Os resultados foram publicados na revista Plos One. 

O lungfish africano é um dos parentes mais próximos dos tetrápodes, o primeiro grupo de vertebrados de quatro ramificações que vivem fora da água. 

Sua anatomia proporciona pistas sobre a forma como os animais evoluíram para respirar, adaptando o pulmão para períodos em que o ambiente seca. 

Além de ser capaz de engolir ar para respirar, eles podem bombear o sangue oxigenado separadamente para o sangue desoxigenado – assim como os mamíferos. 

Eles passam longos trechos das estações secas escondidos em tocas na lama, usando suas longas extremidades para se mover embaixo da água.


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